Porque Mercadante não operou a próstata no SUS. E ainda: Onde Lulinha estudou mesmo?
No debate Estadão/TV Gazeta de ontem, Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo, quis saber se os filhos do tucano Geraldo Alckmin tinham estudado em escola pública. Ele é assim: alguém lhe dá uma dica “quente”, ele se excita e vai metendo o bigode pela prudência, assim como alguns metem os pés pelas mãos. Saiu com o dito-cujo chamuscado. Para que sua pergunta fosse “matadora”, Alckmin deveria ter respondido “não”. Da próxima, ele deve literalmente combinar com o adversário…
Alckmin lembrou que morava em Brasília durante boa parte da vida escolar dos filhos — e, pois, não tinham como estudar em são Paulo. Mais: um de seus filhos estudou numa Fatec, que é pública. E aí? Mercadante fingiu não perder o rebolado e disse que os seus próprios filhos estudaram em escolas privadas em razão da baixa qualidade do ensino no Estado. Huuummm…
Trata-se de demagogia de quinta. Então um político está impedido de lutar pela qualidade da escola pública se os filhos não estudarem em uma? Ou ainda: um político sem filhos não precisaria se ocupar dessa área? A propósito: quantos são os políticos petistas cujos filhos estão numa escola pública? O PT está no poder no Acre há 12 anos. Já deu tempo de testar todas as fantásticas idéias do partido na área. Os filhos dos chefões do petismo acreano lustram os bancos das escolas do Estado?
A escola pública tem de melhorar não para que os políticos matriculem nelas os seus filhos. Tem de melhorar porque este é um dever do Estado brasileiro. Mas eu ainda não disse tudo o que se pode dizer a respeito.
Por que o Einstein e não o SUS?
A, digamos, inteligência de Mercadante é mesmo fascinante. Entendo cada vez mais como ele chegou à conclusão de que o Real seria um desastre. Vamos ver: se Alckmin, porque é tucano, teria de ter matriculado os filhos na escola pública (se estivessem em São Paulo), Mercadante, quando operou a próstata, em março deste ano, deveria ter procurado o SUS, já que, na prática, o chefe do sistema é o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Mercadante pode não ser lá um Schopenhauer, mas não é bobo de tudo. Sabem aonde ele foi? Ao hospital Albert Einstein, aqui em São Paulo, considerado o melhor do país. Também é o “meu” hosspital. Foi lá que operei a cachola, e duvido que haja coisa muito melhor em qualquer país do mundo. Mas não faço demagogia barata.
Se Mercadante estava tentando sugerir que Alckmin não confia na escola pública de São Paulo — o que ele não conseguiu, de todo modo, provar— eu estou provando, segundo o seu raciocínio (não o meu!), que ele não confia na saúde pública do governo que representa e do qual foi líder. Se ele queria provar que a escola pública fica para os pobres, e a particular para os ricos, só conseguiu provar que o SUS fica para os pobres ,e o Albert Einstein para os Mercadantes!
Se o senador notar alguma falha lógica no raciocínio, pode enviar um e-mail ao blog. Se a falha existir, publico. Mas ele não vai fazê-lo porque não há.
E agora Lulinha
Vocês sabem quem é Fábio Luiz da Silva, o Lulinha. É o “Ronaldinho” de Lula, o monitor de jardim zoológico que se tornou empresário durante o governo do pai. Pois é…
Poucos sabem, mas Lulinha, em meados da década de 80 (!!!), já lá se vão 25 anos, ESTUDAVA EM ESCOLA PARTICULAR. E os tucanos ainda nem eram governo em São Paulo! Só que ele não pagava, entendem? Tinha bolsa de estudo integral no colégio Singular-Anglo. Como eu sei? Eu era professor da escola, embora não tenha tido a ventura de dar aula para figura que se tornaria não ilustrativa de certo estado de coisas no Brasil.
Os “companheiros” que Lula empurrava para a greve certamente ignoravam que os rebentos do líder gozavam de “regalias” em “escola de burguês”. Enquanto a Apeoesp, já dominada pelo PT, promovia sucessivas greves no ensino público, prejudicando os filhos dos pobres e de muitos “liderados” de Lula, o filho do grande mártir seguia estudando numa escola de elite, imune ao grevismo irresponsável.
Eu, confesso, tenho enorme prazer em relatar a coerência desses patriotas.
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