Metralhadora giratória
Candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra decidiu descer do muro, tirar a fantasia de bom moço e partir para o ataque contra o PT e a sua presidenciável, a neopetista Dilma Rousseff.
Entrevistado por Cristiane Pelajo e William Waack, do Jornal da Globo, serra disse, na noite de terça-feira (31), que é mentirosa a afirmação do governo Lula e do staff da campanha de Dilma Rousseff de que os dados fiscais de sua filha foram acessados por funcionários da Receita Federal a pedido da própria Verônica Serra. O candidato tucano afirmou que trata-se de um crime cometido por pessoas que se acostumaram com a mentira.
Dilma tem declarado reiteradas vezes que seu adversário tenta embolar o processo eleitoral com afirmações supostamente levianas sobre a quebra de sigilos fiscais e a confecção de dossiês, mas é preciso reconhecer que o PT nutre conhecida obsessão por documentos, apócrifos ou não, contra os que fazem oposição ao partido ou ao governo do messiânico Lula da Silva.
A tentativa de emplacar um dossiê contra José Serra é um sonho antigo, acalentado desde 2004, quando o tucano tomou a prefeitura de São Paulo das mãos da petista Marta Suplicy. Na ocasião, sem sucesso algum, emissários que diziam representar o Partido dos Trabalhadores tentaram convencer o editor do ucho.info a produzir um dossiê contra Serra. Recoberta por ousadia, a última tentativa aconteceu em um restaurante de comida judaica encravado nos Jardins, região nobre da capital paulista. Diante das seguidas negativas e do insucesso da operação, os contrariados emissários passaram a intimidar os familiares do editor, que teve os seus telefones criminosamente grampeados.
O patrulhamento que tem sido anunciado como marca de um eventual governo de Dilma Rousseff já funciona com antecedência. Prova maior foi a violação do sigilo fiscal da apresentadora Ana Maria Braga, da Rede Globo, e dos proprietários das Casas Bahia, supostos eleitores de José Serra.
Financiado pelo suado dinheiro do contribuinte, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que deveria cuidar apenas dos assuntos do governo Lula, passa a maior parte do tempo defendo Dilma Rousseff das acusações disparadas pelos adversários, como se o PT fosse uma reunião de inocentes monges tibetanos. Se Padilha, um boquirroto que deveria se ater às incumbências do cargo, deveria explicar as razões que levaram o Palácio do Planalto a não violar o sigilo fiscal dos envolvidos no escândalo do Dossiê Cuiabá, protagonizados por “companheiros” que receberam de Lula o rótulo de “aloprados”. De igual maneira, os palacianos também não violaram o sigilo fiscal de Vavá, o irmão do presidente-metalúrgico que se achou no direito de vestir a fantasia de lobista.
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01 de setembro de 2010 | |
Por José Nêumanne - O Estado de S.Paulo (*) Clique aqui |
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